quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Ceramica Indigena Brasileira

A chamada arte do fogo - do grego "kéramos", que significa, barro, argila – encontradas com freqüência em escavações arqueológicas, ninguém sabe realmente qual é a sua origem, mas é provável que o seu surgimento se deu logo após a descoberta do fogo. De grande resistência, as primeiras que se tem noticias são datadas da pré-história. Deste modo, as peças de cerâmica que se conservaram testemunham dos costumes de diferentes povos, vem ajudando a escrever a historia da humanidade. No Brasil a cerâmica esta firmada entre os índios muitos anos antes da invasão dos europeus e seu aspecto está relacionado com às tradições tribais. Eram fabricados com perfeição e, é nessa perfeição que se encontra a noção indígena de beleza.
Inúmeras tribos povoaram esse pais deixando um legado imensurável. Muitas fases foram identificadas dentro desta produção e dentre essas, a Marajoara se faz um capitulo a parte: pela riqueza e maior numero de informações. Ela foi elaborada por povos que habitaram, a bacia Amazônica desde cerca de 1500 anos antes a.c. e através dela pode-se observar a evolução, o apogeu e a decadência da cultura de um povo.

A cerâmica marajoara


A cerâmica Marajoara é considerada uma das mais bonitas e sofisticadas das Américas. Entende-se que seus desenhos labirínticos e repetitivos são uma linguagem iconográfica, comunicava sobre a ordem das coisas, as suas tradições. O estudo da cerâmica marajoara indica a produção de bens santuários relacionados a rituais funerários e tem uma identidade clânica. A mitologia marcadas por animais como lagarto, escorpião e a jararaca, animais potentes; está possivelmente associado à glorificação da figura humana, essa idéia é reforçada pela não existência de representação de outros animais associados a hábitos alimentares. A modelagem tem característica tipicamente antropomorfa e sua produção se divide entre vasos de uso doméstico e vasos cerimoniais e funerários, as urnas antropomórficas ou não, decoradas ou não, tinham vários tamanhos e formas e eram enterradas juntamente com outros objetos cerâmicos. Principalmente os vasos cerimoniais eram decorados, apresentando no seu aspecto além das cores vermelho e branco mais freqüentes, por conta da maior facilidade em encontrar esses pigmentos, policromias e brunimento; desenhos feitos com incisões e em relevo além do uso de matérias primas abundantes na natureza. O período de maior crescimento e expansão da cultura deste povo foi entre os séculos V e XIV, colocando-a como a mais antiga fase da tradição da policromia amazônica. O que mais chama a atenção na arte marajoara são as estatuetas que representavam os deuses, sua descrição lembra muito a imagem como se discreve os extraterrestres atualmente. Estes deuses teriam lhes ensinado a agricultura e irrigação.

A Cerâmica Indígena Brasileira Hoje

Em alguns povos indígena essa tradição sobrevive ate os dias atuais, são utensílios diversos feitos para preparar e armazenar alimentos, a sua linguagem artística ainda impressiona, é assim com os Carajás que vive atualmente aas margens do rio Araguaia, produz as “bonecas Carajás” figuras que representam o cotidiano na aldeia; as panelas zoomórficas dos Waurá do Auto Xingu, com até 80 cm diâmetro e vasos redondos ou com formato de animais. Na ilha de Marajó os Nuaruaques produzem cerâmica a mais de 1500 anos, sendo considerada a que mais se desenvolveu, decoradas com elaborados desenhos geométricos. (artistas da cerâmica brasileira, 1985, p. 7-8). A riqueza de detalhes, a exuberância das cores, a variedade dos objetos, as técnicas de brunimento, foram perdendo qualidade com o tempo. Hoje, o que existe de cerâmica marajoara pode ser visto no Museu Goeldi, em Belém. A fase Marajoara foi declinando lentamente, em torno de 1350, desapareceu, não se sabe ao certo o seu destino, se foram expulsos ou absorvida por outros povos que chegaram à Ilha de Marajó.


Proença, Graça, História da Arte, artistas da cerâmica brasileira, 1985, p 7-8.